A pressão sobre a previdência
A previdência social brasileira funciona em regime de repartição: os trabalhadores ativos financiam os benefícios dos aposentados. Esse modelo depende de uma base ampla de contribuintes, mas a queda da taxa de natalidade e o aumento da expectativa de vida reduzirão a proporção de pessoas em idade ativa.
Na prática, isso significa que haverá cada vez menos trabalhadores sustentando cada vez mais aposentados. Mesmo após a reforma previdenciária de 2019, que aumentou idade mínima e tempo de contribuição, o sistema continuará pressionado. Especialistas alertam que novas revisões serão necessárias para garantir equilíbrio fiscal e pagamento dos benefícios.
Saúde pública diante do envelhecimento
O envelhecimento da população também terá impacto direto no Sistema Único de Saúde (SUS). Doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e câncer, tendem a se tornar mais prevalentes, exigindo cuidados contínuos e mais caros. Além disso, cresce a demanda por serviços de reabilitação, fisioterapia e assistência de longa duração.
Esse aumento de custos ocorre em um cenário em que o SUS já enfrenta subfinanciamento e sobrecarga. Sem planejamento, o risco é que a saúde pública se torne ainda mais desigual, com idosos de baixa renda desassistidos enquanto os de maior renda buscam alternativas privadas.
Novos modelos de cuidado
A experiência de países que já enfrentam sociedades envelhecidas mostra que é necessário investir em modelos de cuidado comunitário e domiciliar. Hospitais não podem ser a única porta de entrada: centros de convivência, atenção primária e programas de cuidadores são alternativas mais sustentáveis.
No Brasil, políticas de fortalecimento da atenção básica e de expansão de programas de saúde da família podem ajudar a reduzir a pressão sobre hospitais e ampliar a qualidade de vida dos idosos. Ao mesmo tempo, será preciso criar mecanismos para capacitar cuidadores formais e informais, reconhecendo a importância dessa atividade.